Engenheiro eletricista e sua atuação no mercado de trabalho

Com uma ampla atuação, a profissão de engenheiro eletricista é responsável por planejar, construir e manter sistemas capazes de gerar, transmitir e distribuir energia elétrica. Seu objetivo é levar energia elétrica a toda a população de forma segura e com qualidade. Para falar sobre a profissão e seus desafios, o Infosenge entrevistou o engenheiro eletricista e Conselheiro Federal do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), José Miguel Melo Lima.

José Miguel é graduado pela Universidade de Fortaleza (Unifor), com especialização em Redes Digitais pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e MBA em Gestão Empresarial realizado na Fundação Dom Cabral, em Minas Gerais. Nascido em Fortaleza (CE), atuou durante 34 anos na área de Telecomunicações, na empresa Teleceará/Telemar/OI, tendo exercido a função de engenheiro, gerente de Departamento e diretor Regional entre os anos de 1975 a 2009.

Como professor de Química e Física, José Miguel lecionou na Rede Estadual de Ensino do Ceará de 1978 a 2001. No Crea-CE, foi conselheiro representando o Sindicato dos Engenheiros (Senge-CE) e o Clube de Engenharia do Ceará (CEC). Ocupou a cadeira de 2º vice-presidente, em 2014, integrou a Comissão Eleitoral Regional e o Conselho de Ética e coordenou a Câmara Especializada de Engenharia Elétrica. Hoje atua como representante do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).

  1. Quais são as principais áreas de atuação do engenheiro eletricista?

A Engenharia Elétrica é uma área voltada para o estudo e para a projeção de circuito de energia. Os engenheiros eletricistas são responsáveis por sistemas de controles, sistemas elétricos, eletrotécnica, instrumentos de medição, sistemas de telecomunicações, sistemas microcontrolados e engenharias biométrica.

  1. Quais são os principais desafios do engenheiro eletricista?

O engenheiro eletricista, independentemente do segmento em que vai atuar, deve estar sempre em sintonia com as novidades da sua área. Ele deve buscar a capacidade de absorver novos conhecimentos e tecnologias, procurando sempre se atualizar, pesquisando novos desafios que possam surgir no mercado de trabalho, sempre considerando as questões sociais, econômicas e ambientais.

Destaco também aqui a importância na conservação de energia frente as questões ambientais. A geração eólica (que é a partir do vento) e geração da energia solar (pelos painéis solares), são áreas de atuação também dos engenheiros eletricistas. Além desses segmentos, temos o mercado voltado para as telecomunicações, a projeção de sistema de internet 3G e 4G, a construção de sistema de telecomunicações e de processamento digital, que são algumas atividades realizadas por esses profissionais. O engenheiro eletricista também se faz presente nos processos de automação, na saúde, na biomedicina e no segmento eletroeletrônico.

  1. Quais mudanças na profissão vieram com a pandemia de covid-19? 

A pandemia motivada pela covid-19 trouxe uma mudança de atuação em todas as profissões e em todos os segmentos de negócios.

 

No entanto, essa mudança na forma de trabalhar traz desafios como continuar produtivo sem a supervisão direta do chefe perto dele, mantendo o número de horas trabalhadas; aumento de gastos com água, luz, internet e mobiliário adequado em casa; capacidade de manter a comunicação de forma virtual com o distanciamento físico de chefes e colegas; além do equilíbrio do trabalho em casa com a vida pessoal.

A grande mudança trazida pela covid-19 foi a implantação do home office pelas empresas. Com o isolamento para conter a propagação da doença, o trabalho remoto foi a saída encontrada para continuar as atividades, pelo menos para aqueles profissionais cujo emprego não exige presença física em um local específico. Essa medida adiantou uma prática que vinha sendo implantada de forma gradual antes da pandemia por algumas empresas, limitada a alguns dias da semana.

  1. Como você avalia a formação acadêmica da engenharia elétrica no Brasil?

No Brasil, universidades, faculdades e centros universitários são avaliados por meio do Índice Geral de Cursos (IGC), que considera a média ponderada das notas de cursos de graduação e de mestrado e doutorado.

O Instituto Militar de Engenharia (IME) tem o melhor curso de Engenharia Elétrica do Brasil, segundo os mais recentes indicadores de qualidade do ensino superior divulgados pelo Ministério da Educação (MEC). A Grade Curricular das Universidades é validada pelo Conselho Nacional de Educação – CNE, mas defendo a participação efetiva dos Conselhos de Classe como um “vetor” técnico, na análise e definição do currículo a ser cursado por aqueles que, no futuro, estrarão inseridos no mercado de trabalho como profissional da engenharia.

  1. Como está o mercado de trabalho da profissão?

O mercado de trabalho da Engenharia Elétrica está sempre aquecido embora, como nas outras profissões, tenha sofrido uma retração em função da pandemia. Aqueles profissionais que desejam se qualificar no setor de energia encontrarão oportunidades motivadas pelo crescimento populacional, a retomada do crescimento da construção civil e o aquecimento do mercado nas usinas hidroelétricas, eólica e solar. Nesse mercado, o engenheiro eletricista é responsável pela elaboração de plantas de indústria e pela geração de energia.

  1. Como está sendo a representatividade da profissão no Conselho Federal de Engenharia e Agronomia – Confea?

A Confea hoje é representado por três engenheiros eletricistas. Estou representando o meu Estado, por meio do Crea-CE, outro pelo Estado do Pará e outro pelo Rio Grande do Norte. Se considerarmos que o Plenário é constituído por 18 conselheiros, representamos apenas um pouco mais de 16%. É claro que gostaríamos que nossa classe tivesse uma representação quantitativa mais expressiva, mas isso pode ser contemplado com a reforma que pleiteamos junto ao Congresso Nacional, em que cada Estado tenha, pelo menos, um representante no Plenário. Enquanto isso, estamos atentos às causas voltadas à atuação profissional do engenheiro eletricista no cenário nacional, sempre interagindo com as Câmaras de Engenharia Elétrica dos Creas e com a Câmara Nacional, que é composta por um representante de cada Estado.