Dia da Mulher: em segmento tomado por homens, cearense é exceção em função de leiturista

Há 13 anos, Silvia Cristina Bernardo dos Santos percorre as ruas de Fortaleza para realizar a medição e deixar as contas de energia dos clientes

No Dia Internacional da Mulher, celebramos não apenas a luta histórica por direitos e igualdade, mas também o progresso contínuo das mulheres em ocupar espaços que antes eram considerados exclusivamente masculinos. Ao longo das décadas, as mulheres têm desafiado estereótipos e superado barreiras, deixando uma marca em áreas que tradicionalmente eram dominadas por homens.

É o caso de Silvia Cristina Bernardo dos Santos, que atua há 13 anos como leiturista na empresa cearense Ceneged – terceirizada da Enel Ceará. A profissional, de 44 anos, recorda que passava por um momento delicado na empresa anterior e que se interessou pela atividade ao ouvir o relato do irmão, que também é leiturista da Ceneged.

“Eu achava bacana, porque ele dizia que se fizesse o serviço direito não tinha ninguém pegando no pé. Então, eu vim aqui na Ceneged deixar currículo e, mesmo não tendo vaga aberta, me acolheram após eu explicar minha situação”, conta.

Silvia passou por treinamento em nove lotes de Fortaleza e inicou o trabalho realizando 8 mil leituras por mês. Hoje, esse número já é de 17,2 mil.

“O começo foi árduo. Fiz o treinamento justo no inverno, que é o período mais difícil, porque tem alguns lugares que precisamos andar até dentro da lama”, revela.

Além do sol e da chuva, a profissional também enfreta dificuldades como a falta de cortesia de alguns clientes e até mesmo a violência em comunidades tomadas por organizações criminosas.

Mesmo com as dificuldades, a leiturista se encontrou na atividade e afirma estar muito satisfeita com o trabalho. Ela chegou a receber uma proposta para se especializar e atuar na área de eletricidade, mas diz que não se identificou com o segmento. Além disso, ela argumenta gostar do contato humano que a função lhe proporciona.

“A gente tem que saber lidar com as pessoas para entrar na casa delas, nos condomínios, nas empresas. A Ceneged tem o cuidado de nos manter por bastante tempo na mesma rota para gerar essa familiaridade. Então, muitos clientes hoje são meus amigos, outros já sabem que sou eu que vou tirar a leitura todos os meses, e até mesmo percebo quando alguém não está bem”.

Silvia mora com os pais idosos e é responsável pelas despesas fixas da casa. “Eles são como se fossem meus filhos. Apesar de serem aposentados, faço questão que eles não se preocupem com as contas, já que posso proporcionar isso a eles”, destaca.

A Ceneged

A Ceneged possui 786 colaboradoras, que correspondem a 15% do total de colaboradores da organização. Nos últimos anos, a Ceneged vem reforçando as contratações de mulheres, indo ao encontro do movimento global de inclusão e equidade de gênero no setor elétrico brasileiro.